excecoes_gravidade

Amanda Silva*

Um espetáculo simples, com uma cenografia e uma narrativa que privam da mesma simplicidade. Eis a primeira palavra de “Exceções à gravidade”. Utilizando-se de poucos recursos, o renomado palhaço Avner, de 66 anos, não precisa de muito para tirar risos da plateia. Observar o público levanta duas questões: a plateia que estava presente à apresentação era composta por fãs desta excêntrica figura ou a simplicidade com a qual ele trabalha ainda é mais do que bem-vinda pelo público?

Assistir ao espetáculo suscita uma reflexão voltada à questão do tempo. “Exceções à gravidade” parece retratar uma simplicidade e um tempo distendido que muitos dos que vivem nas grandes metrópoles já perderam. Nos dias atuais, em que tudo acontece ao mesmo tempo e em todos os lugares, a experiência da contemplação fica em segundo plano, por vezes até desapercebida. E a mudança que se observa no cenário cultural tem acompanhado esse ritmo acelerado das coisas.

Assistir à apresentação de Avner é adentrar um estado de quietude e serenidade, oposto ao das produções culturais contemporâneas, que privilegiam a celeridade e a histeria. O olhar está sempre à procura de algo que deslumbre os seres humanos, mas Avner vem mostrar que este deslumbre também pode estar nas pequenas coisas.

Como parte das ações formativas do festival, o Laboratório de Critica em Circo propôs atividades teóricas e práticas visando ao participante a ampliação do repertório de vocabulário, estéticas e conhecimentos sobre a atividade circense. 
O texto acima, elaborado por um dos participantes, é resultado desse trabalho.

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