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BELONGING: Uma jornada sobre pertencer

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É para o circo que muitas pessoas “diferentes” escapam. É um mundo em que a “imperfeição física” é a norma devido à exploração do que um corpo pode fazer com a relação empolgante entre gravidade, equilíbrio e desequilíbrio. Se você não tiver nenhuma ou tiver uma ou duas pernas, ou braços, ou se sua visão não é para fora, mas para dentro da sua mente porque você é cego, isso pode ser celebrado. No circo podemos celebrar essa diferença porque o espaço, ao contrário do teatro tradicional, nos acolhe.

Como surda que fala e se comunica por sinais, pertenço parcialmente a dois mundos diferentes.
Não posso ouvir, mas faço leitura labial e falo, então posso tentar me enquadrar no mundo dos ouvintes.
Sou surda e me comunico por sinais (mas falar foi minha primeira língua, porque fiquei surda aos sete anos), então tento me enquadrar no mundo dos sinais. Não pertenço integralmente a nenhum mundo porque falo (o que o mundo dos surdos não aceita), mas não ouço (e o mundo dos falantes não entenderia os sinais). Portanto, sempre me fascinou a ideia de a que mundo pertenço, se precisamos pertencer a algum e, em caso positivo, por que? Pertencemos a nós mesmos, mas nosso sentimento de pertencimento também diz respeito a pessoas e lugares e nosso sentimento de quem somos no mundo.

O mundo de estar em um ambiente surdo e deficiente é sempre extraordinário, não importando a classe, idade, gênero e sexualidade, uma vez que pertencemos a nós mesmos devido a gloriosa virtude de ser diferente. Compartilhamos as jornadas para derrubar barreiras e podermos ser intérpretes do espetáculo denominado “Belonging”, a nova coprodução de Graeae e do Circo Crescer e Viver. Cada dia até agora tem revelado um tesouro de descobertas na medida em que todos os artistas lançam-se constantemente em novos desafios. Os instrutores brasileiros nunca haviam trabalhado com pessoas com deficiência antes e estavam nervosos, mas Tina Carter, que trabalhou comigo como coreógrafa da Cerimônia de Abertura das Paralimpíadas de Londres em 2012, possuía uma rica experiência. Tina explicou que é o artista que deve explorar o que seu corpo pode fazer e, com apoio do instrutor, descobrir qual a melhor forma para adaptar movimentos, aperfeiçoar a técnica e ser desafiado para realmente superar os limites do que pode ser atingido.

Houve alguns momentos verdadeiramente emocionantes nesse tempo todo em que estamos juntos e um de que me lembro especialmente é de um artista que estava convencido de que não poderia participar porque é paraplégico. No entanto, todos os rapazes se juntaram para explorar “brincadeiras infantis” e brincar com os tecidos como um coletivo, apoiando seu envolvimento e, então, lá estava ele subindo até o topo dos tecidos. Lembro-me de seu rosto sorrindo para nós lá de cima, tão feliz por estar participando.

Nosso enfoque em Belonging é uma reação pessoal, coletiva e aberta a nossa própria resposta e a de outras pessoas a palavra “pertencer”. O fundamento dessa palavra é fragmentado e mutante. É abstrato porque algumas vezes o pertencer (belonging) é fugaz, mas também pode ser sólido e duradouro. As vezes, é libertador não querer pertencer, mas pode ser doloroso quando lhe dizem que você não pode pertencer. Pertencer é uma palavra esplendorosa.

A oportunidade de celebrar, compartilhar e escavar diferenças culturais e encontrar um território emocional familiar foi o pivô dessa colaboração entre a Graeae e o Circo Crescer e Viver. É a história da complexidade e simplicidade, das muitas facetas de ser humano e da necessidade de “ser”. É também a história da afirmação do direito dos surdos e deficientes de pertencer à raça humana, para mostrar que não seremos deixados de lado e que também temos histórias para contar.

Jenny Sealey
Diretora artística da Graeae Theatre Company

 

Belonging – a journey

Circus is a place many people of ‘difference’ have escaped to. It is a world where perceived ‘physical imperfection’ is the norm because of the exploration of what a body can do with the exciting relationship between gravity, balance and imbalance. If you have none, one or two legs or arms, or if your sight is not outwards but within your mind’s eye because you are blind, it can be celebrated. In circus we can celebrate this difference because the space, unlike traditional theatre, allows us to belong.

As a deaf person who speaks and signs, I half belong in two different worlds. I cannot hear but I lip-read and speak so I can try to fi t in the hearing world. I am deaf and I sign (but speaking was my first language as I went deaf when I was seven) so I try to fi t in the deaf signing world. I don’t fully belong in either because I speak (which the deaf world don’t accept) but I don’t hear (and the hearing world would not understand sign). Therefore I am always fascinated about where do we belong, do we need to belong and if so why? We belong to ourselves, but our sense of belonging is also about people and places and our sense of who we are in the world.

The world of being in a Deaf and disabled environment is always extraordinary regardless of class, age, gender and sexuality as we belong to each other by the glorious virtue of being different. We share the journeys of dismantling barriers to be the performers we are in the show called “Belonging”, a new co-production by Graeae and Circo Crescer e Viver. Every single day so far has been a gem of discovery as all the artists constantly launch themselves into new challenges. The Brazilian trainers had never worked with disabled people before and were nervous but Tina Carter, who worked closely with me as a choreographer on the London 2012 Paralympic Games Opening Ceremony, has a wealth of experience. She explained that it is the artist who has to explore what their body can do and, with the support of the trainer, work out how best to adapt movements, improve on technique and be challenged to really push the boundaries of what can be achieved.
There have been some truly amazing moments so far during this time together and one that has stayed with me is an artist who was convinced that he could not participate because he is a paraplegic. However, all the boys got together exploring ‘childhood games’ and playing with the silks as a collective, supporting his involvement and then suddenly he was up and away climbing to the top of the silks. I remember his face beaming down at us, so happy to be part of it all.

Our approach to Belonging is a personal, collective and open reaction to our own and other people’s response to the word. The foundation of this word is fragmented and in flux. It is abstract because sometimes belonging is fleeting but sometimes solid and for life. Sometimes it is liberating not wanting to belong, sometimes painful being told you cannot belong. Belonging is a many splendored word.

The opportunity to celebrate, share and excavate cultural difference and find familiar emotional territory has been the lynchpin of this collaboration between Graeae and Circo Crescer e Viver. It is a story of the complexity and simpleness, of the many facets of being human and of needing to ‘be’. It is also the story of affirming Deaf and disabled people’s right to belong to the human race, to show that we will not be side lined and that we have stories to tell.

Jenny Sealey
Artistic director of Graeae Theatre Company

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